Um tema tem dominado o debate nas redes sociais, imprensa, conversa entre amigos e até mesmo o almoço de domingo entre as famílias: A inteligência artificial. Esse “ente” que assusta alguns e fascina outros não é novo e já foi objeto de inúmeras obras literárias, desde os romances que não são exatament4e sobre ficção cientifica, como “O Círculo”, de Dave Eggers, publicado em 2013, até “Eu, Robô” de Isaac Asimov, publicado em 1.950, ambos se tornaram filmes de grande sucesso nas bilheterias, o primeiro estrelado por Emma Watson – a Hermione de Harry Potter – e o segundo por Will Smith, que dispensa referências.

Nessa mesma linha de obras ficcionais sobre Inteligência Artificial, há ainda “O Exterminador do Futuro”, do diretor James Cameron, estrelado por Arnold Schwarzenegger, em que um androide, dotado de I.A. plenamente capaz de raciocinar, volta do futuro para exterminar aquele que virá a ser o líder da resistência. O Androide é a replicação material da própria inteligência artificial, denominada de Skynet. Outra obra cinematográfica que traz a inteligência artificial como figura principal do enredo é “Matrix”, dos diretores Wachowskis, estrelado por Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss. O filme retrata a vida dos seres humanos em uma realidade virtual, controlada por máquinas dotadas de inteligência artificial, após uma guerra em que os humanos foram derrotados. Geralmente o futuro retratado nas obras ficcionais é sombrio.

Conquanto a literatura tenha se debruçado sobre o tema e quase sempre sob um viés negativo, o fato é que o uso da inteligência artificial, se bem aplicado, poderá trazer para a humanidade diversas benesses, muitas das quais sequer conseguimos prever. É como se estivéssemos às voltas com um fenômeno tão grandioso quanto foi a revolução industrial, em termos de mudanças que poderão ocorrer na sociedade. A revolução industrial praticamente acabou com a manufatura, extinguindo drasticamente o trabalho de artesãos, como tecelões, por exemplo. Por outro lado, criou diversos novos empregos nas indústrias, aumentando, nesse processo, a qualidade de vida das pessoas, ao aumentar seus rendimentos. O mesmo poderá ocorrer com a ampla implementação da inteligência artificial.

A nova tecnologia, nessa visão mais otimista, trará grandes impactos no nosso dia a dia e um dos setores mais afetados deverá ser o da saúde. Já há relógios inteligentes no mercado, como o “apple watch”, o relógio da fabricante do Iphone, que, devidamente autorizado por seu proprietário, monitora a saúde de seu portador, controlando a pressão sanguínea e até mesmo emitindo um eletrocardiograma. Num futuro próximo, essa capacidade de detectar e identificar condições cardíacas, poderá evoluir para chamadas ao médico responsável e prevenção de infartos, quiçá de isquemias cerebrais e muitos outros tipos de patologias médicas.

                Na telemedicina, a I.A. poderá operar um paciente, à distância, reduzindo drasticamente a margem de erro médico, já que terá a seu dispor outras formas dessa mesma tecnologia que terão fornecido imagens altamente nítidas e precisas do corpo humano, deduzindo nuances sutis que os humanos não conseguem identificar nas imagens atuais e, o cruzamento massivo de dados de pesquisas e o processamento destes em computadores quânticos, deverá levar à descoberta de medicamentos mais eficientes, com pouco ou nenhum efeito colateral, podendo, finalmente, trazer a cura de doenças que assolam a raça humana desde seu aparecimento, como o câncer.

Outro campo que deverá ter grande evolução é o do transporte público. Imagine veículos guiados pela I.A. que se conectam entre si, reduzindo engarrafamentos, mantendo-se sempre no horário, sem violar os limites de velocidade e segurança. Caminhões, Navios e drones deverão circular autonomamente, assim como os veículos particulares, de tal modo que excesso de velocidade e ultrapassagens proibidas serão efetivamente coisas do passado – ou do presente para quem lê agora esse texto. Imagine o impacto na segurança das ruas e rodovias.

Poderíamos aqui discorrer sobre os impactos da I.A. em diversos outros campos da atividade humana, da vida cotidiana, etc. o fato é que as conclusões sempre serão positivas e negativas, a depender de como nós, humanos, aplicaremos a tecnologia. É como a energia nuclear, pode nos salvar, como seu uso nas máquinas de ressonância magnética, pode nos aquecer, mover e iluminar nossas cidades, como no caso da eletricidade gerada em usinas nucleares ou pode nos aniquilar, como no caso das bombas atômicas. Ao fim e ao cabo, tudo depende nós mesmos.

Por fim, em sua obra “Homo Deus: Breve História do Amanhã”, Yuval Noah Harari considerando um a possibilidade de um mundo dominado pela inteligência artificial e onde o trabalho humano pode se tornar obsoleto, apresenta como uma das soluções a Renda Básica Universal, uma forma de remuneração geral para todos os habitantes. Nesse cenário, os humanos que estivessem desempregados ou que fossem inempregáveis, receberiam um valor fixo mensal para compensar sua condição, minimizando-se a desigualdade social.  Esse cenário, ainda segundo o Autor, levaria as pessoas ao cultivo de uma melhor saúde física e mental, atualmente impossível para muitos devido às demandas do trabalho e da sobrevivência econômica.

Como se vê, é possível que enxerguemos a I.A. com bons olhos, desde que não descuidemos de sua aplicação. Sua implantação de forma desordenada levaria a uma disruptura do tecido social, porém, bem implementada, poderá finalmente fazer a humanidade subir na escala de Kardashev, quem sabe em um futuro não muito distante, elevar nossa civilização ao nível dois daquela escala, nos tornando uma civilização interplanetária.

Marcio Rodrigues